Disciplina - Ensino Religioso

Ensino Religioso

17/11/2008

Umbanda - Um século de história da religião

A Literatura sobre a Umbanda, Candomblé e outros cultos de matriz africana é muito rica. A diversidade traz algumas controvérsias a respeito de doutrina, rituais, orixás e mesmo históricas. A começar pela data: alguns pesquisadores apontam que a Umbanda surgiu no dia 15 de novembro de 1908. Outros apontam que o nascimento da religião ocorreu um dia depois dessa data.
A história, no entanto, é a mesma. A religião foi fundada por Zélio de Moraes, um jovem de 17 anos, filho de uma família tradicional de Niterói, no Rio de Janeiro. Segundo a literatura umbandista, Zélio começou a apresentar comportamento estranho. Ora assumia a postura de um velho, falando coisas desconexas, ora sua forma física lembrava um animal. Nem a medicina nem as sessões de exorcismo na Igreja Católica deram fim aos "ataques" sofridos pelo rapaz.
Como último recurso, Zélio foi encaminhado a centro espírita kardecista no dia 15 de novembro de 1908. Convidado a participar de lugar na mesa, o jovem teria sido tomado por uma estranha força. Levantou-se e disse: "Aqui está faltando uma flor". Deixou a sala, foi ao jardim e retornou com uma flor que depositou no centro da mesa. A atitude insólita causou quase um tumulto. Crentes de que um espírito estava incorporado em Zélio, os médiuns começaram a indagá-lo. Teria sido a primeira manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas. A Umbanda nasceria no dia seguinte quando, no corpo de Zélio, o caboclo disse que estava surgindo uma nova religião "em que espíritos dos velhos africanos escravos e índios iriam trabalhar independentemente de raça, cor e condição social".
Aprendizado - Umbandista desde os oito anos, o militar Gallagher Victor Siqueira, 56, preside a Leucab em Santa Maria. Parte da discriminação sofrida pelos umbandistas, segundo ele, é alimentada por "aproveitadores". "Tem muita gente que só quer ganhar dinheiro. A Umbanda é caridade e gratuita", afirma Gallagher. Uma diferença fundamental entre a Umbanda e outros cultos como Nação e Candomblé é que a primeira não trabalha com sangue nem com sacrifício de animais. Sobre essa prática milenar dos cultos afros, Gallagher tem uma opinião: "Sou contra esse negócio de galinha na encruzilhada com tanta gente passando fome". Lembra, porém, que a morte de animais para fins religiosos é antiga e tem precedentes no Cristianismo. "Estou na Umbanda desde pequeno e ainda estou aprendendo."
Limpeza - Claiton Bueno, 33 anos, é adepto da Umbanda, da Quimbanda e da Nação. "Pratico a Umbanda para fazer o bem, para limpeza, para me fortalecer", diz o pai-de-santo que é filho de Oxum. Já na Quimbanda ele trabalha com Exu e se apresenta como Claiton do Tranca-Rua. Ele explica que ingressou direto na Nação aos 12 anos. "Todo mundo tem que passar por ela. A Umbanda não é um meio para obter valores", diz Claiton, que entrou na religião como filho-de-santo de Guto do Xangô da Casa Afro e Umbandista Xangô e Oxum. Uma explicação é fundamental: diferentemente de outras religiões, a Umbanda usa ervas e plantas em seus rituais. Não há matança de animais nem sangue.
Acessado em 17/11/2008 no sítio Jornal A Razão. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
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