Disciplina - Ensino Religioso

Ensino Religioso

11/02/2010

Quando falamos sobre religiões

Marcinha Girola / Portal Dia-a-Dia Educação
Sempre que falamos sobre religiões, devemos tomar o máximo de cuidado para não fazer inferências ou demasiada subjetividade.
Digo isso, pois em vários e-mails, aulas, atividades, projetos para as aulas de Ensino Religioso, há sempre um juízo de valor. Há que se procurar a informalidade sempre.
Quando falamos sobre religiões, não existe a máxima de que "política, futebol e religião não se discute". Pois só é possível uma discussão, um diálogo, quando se conhece o assunto, ou então, se está receptivo a aprender algo sobre.
Dizer que uma religião é isso ou aquilo é pura blasfêmia e resulta em guerras de ego, com respostas muitas vezes agressivas. Ninguém está aqui, seja num grupo, numa cidade, ou na vida, para convencer ninguém, nem ser convencido por alguém.
Há quase 12 anos que estudo sobre religiões e ainda assim não estou convencida do que é/está certo ou errado nelas ou sobre elas. Muitas coisas são interessantes, parecidas, contrárias, e, para o senso comum, podem parecer absurdas.
Acontece de usar o desconhecido, o medo do que está por vir, para "controlar" pessoas? É claro que acontece, mas não necessariamente vemos isso apenas com sentido religioso, acontece na política, na instituição onde trabalhamos e muitas vezes começa na nossa educação, lá no berço. E tudo fundamentado em pré-conceitos antigos, onde o melhor método de controle é justamente aquilo que nos causa medo, especialmente quando não sabemos ao certo se algo vai ter o resultado prometido ou não.
Um exemplo bem simples que aconteceu comigo, na minha infância. Minha mãe dizia, "não coloque a mão aí" - no caso, na tomada - "você vai levar um choque". Mas o que é um choque se nunca levei um? Posso ter medo e não colocar a mão, pois no tom de voz que ela usava, o choque parecia algo ruim e perigoso, ou posso, como de fato fiz, colocar o dedo na tomada e sentir o choque na pele.
Não posso sair dizendo que minha religião é melhor que essa ou aquela, ou melhor que a sua, ou que a sua é a religião da maldade. Pois isso não existe. O que existe, são crenças diferentes. Porque uma pessoa troca de religião? Ah, porque achou a outra melhor? Definitivamente, NÃO! Porque a anterior não estava condizente com as suas expectativas. E para citar um exemplo real, uma amiga minha deixou de ser católica porque não acreditava em santos. E então, ela procurou uma que acreditasse em Jesus, mas não cultuasse santos.
Já fui em Igrejas Católicas, Centros Espíritas, Terreiro, Mãe de Santo, já leram tarô, minha mão, minha aura, minha íris... Tomei o chá na União do Vegetal, que o senso comum chama sempre e em qualquer caso, de chá do Santo Daime, desconhecendo o nome, que na União do Vegetal é Oaska. Para cada grupo que utiliza as mesmas plantas na preparação do chá, recebe um nome diferente. Mas a generalização acaba sendo a regra e as pessoas continuam no costume de acreditar apenas naquilo que ouviram dizer não sei porquê, não sei de quem. Ouvir não é proibido, mas não podemos formar uma opinião apenas através dessas "pinceladas" sobre qualquer tema religioso.
Posso ser/estar contrário a muitos argumentos, mas posso dialogar de forma assertiva, perguntando, comentando exemplos de situações que presenciamos ou ouvimos falar, citando outras referências, de forma imparcial, indireta, sem julgar as crenças que são diferentes das minhas.
Outro exemplo pessoal disso, é alguém da família me dizer que tenho que orar todos os dias, para minha vida ser melhor. Mas essa mesma pessoa que ora todos os dias, acaba fazendo a vida das pessoas que a rodeiam, um sofrimento, que só vendo para acreditar. Então, que consciência é essa que me diz o que devo fazer, sem ao menos olhar para o próprio umbigo? São relações tão contraditórias de apreender, que acabam desvalorizadas por si mesmas.
Conhecer as religiões não muda nossa crença, não diminui nem aumenta nossa fé. Porque a fé é algo subjetivo, que nada, nem ninguém colocam dentro de você. Você faz por você mesmo. Agora, conhecimento nos torna sujeitos libertos de preconceitos que também nos são embutidos e deixamos de reproduzir as coisas para entender e respeitar as diferenças. Não importa quanto dinheiro temos, que religião pertencemos ou praticamos. Um fim, ainda para os que acreditam num recomeço, é a única certeza presente em qualquer manifestação religiosa, pois um dia, mesmo sem saber quando, toda essa pele e carne que nos mantém visual e aparentemente humanos, morre.
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