Ensino Religioso
13/09/2013
Celibato não é dogma da Igreja, diz novo secretário de Estado do Vaticano
Por: Agência de NotíciasO novo secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, disse que a Igreja Católica precisa voltar para as suas origens eclesiásticas e rediscutir algumas regras impostas pelos homens, privilegiando os ensinamentos de Jesus.
Em entrevista ao jornal venezuelano "El Universal" no domingo (8), o atual núncio no país sul-americano propôs a discussão do celibato aos padres e freiras. Para ele, o veto ao sexo aos religiosos "não é um dogma da Igreja, mas um preceito que pode ser discutido porque é uma tradição eclesiástica".
No entanto, considera que este é um desafio para o papa Francisco. "O esforço que a Igreja fez para instituir o celibato eclesiástico deve ser considerado. Não se pode dizer, simplesmente, que pertence ao passado. Todas essas decisões devem ser assumidas como uma forma de unir a Igreja, não de dividi-la".
Parolin, que se transforma no número dois do Vaticano em outubro, colocou o veto como uma das discussões da reforma na Igreja Católica, que começaram a serem promovidas pelo papa Francisco. Apesar no avanço no celibato, descarta qualquer mudança em relação à posição sobre a homossexualidade.
"O papa está dizendo que a doutrina da Igreja é muito clara sobre esse ponto moral. Jesus nos pede que cresçamos e adequamos à imagem que têm de nós. Só Deus pode julgar a conduta de cada um e isso disse o papa".
UNIÃO
A respeito das reformas, Parolin reitera que a decisão será tomada por Francisco, embora considere que o pontífice possa consultar outros cardeais. "Sempre foi dito que a Igreja não é uma democracia. Mas é bom, atualmente, que haja um espírito mais democrático, e creio que o Papa tem feito isso".
Desde a eleição em março de Francisco, uma ampla reforma da Cúria --governo do Vaticano-- está em andamento. O papa nomeou várias comissões encarregadas de tratar das mudanças nesta instituição e da lavagem de dinheiro do Vaticano.
O novo secretário de Estado acredita que o pontífice tenha colocado como prioridade o combate à corrupção por ser latino-americano. "Ele a enfrentou na Argentina, e agora retoma com o que condenou como arcebispo. Esse é um ponto fundamental de trabalho porque a corrupção acaba com as sociedades e os Estados".
As grandes linhas da reforma da Cúria serão anunciadas no início de outubro. Parolin, 58, era núncio da Venezuela desde agosto de 2009. Sua gestão foi marcada pelas tensões entre o episcopado venezuelano e o governo de Hugo Chávez, morto em março.
Esta notícia foi publicada no site Folha de São Paulo em 11 de Setembro de 2013. Todas as informações nela contidas são de responsabilidade do autor.