Disciplina - Ensino Religioso

Ensino Religioso

17/10/2013

Africanos mantiveram cultos religiosos através do sincretismo

Quando os primeiros africanos chegaram o Brasil, tiveram o seu culto religioso proibido pelos portugueses. Para se adaptarem, eles fundamentaram a relação entre os santos católicos e as entidades do candomblé, o que é chamado de sincretismo religioso. O professor de filosofia Fábio Medeiros falou sobre assunto na reportagem de filosofia do Projeto Educação desta terça-feira (15).

A comunidade Portão de Gelo, em Olinda, é um quilombo urbano: o primeiro a ter a área demarcada dentro de uma cidade no Brasil. O centro social e cultural do quilombo é o Terreiro de Xambá. “O que mais vemos é justamente a perspectiva de como a religião é um elemento significativo, principalmente de matriz africana. A tradição está sendo mantida nesse terreiro. O que é interessante para o estudo sociológico é a vivência desse terreiro inserido na comunidade e a expressão da vida da comunidade em si. E isso faz com o terreiro faça parte dos trabalhos, afazeres, do comprometimento da vida. Nesse sentido, se une a esses eventos que compõem as diferenças, necessidades da vida coletiva e responsabilidades”, comentou o professor.

Para os seguidores da religião de matriz africana, São Jorge é Ogum; Santa Bárbara, Iansã. Essa relação entre os santos católicos e as entidades do candomblé foi uma forma que os escravos africanos que vieram ao Brasil encontraram para driblar os senhores de engenho e continuar realizando seus rituais sem perseguições.

O preconceito ainda existe, mas aos poucos vai sendo vencido. “As pessoas respeitam mais, como cidadãos. Agora, queremos ser respeitados mais como religião. Os artistas, como Clara Nunes, que particularmente se abriu para canais de TV dizendo que era de religião de matriz africana, deu sensibilidade maior, de a gente se sentir mais acolhido dentro da sociedade. Quando viemos da África, trouxemos também nossa religião e queremos poder dizer que Xangô é Xangô, Iemanjá é Iemanjá”, comentou o babalorixá Ivo de Xambá.

O sincretismo religioso, então, aparece como uma forma de continuar cultuando as suas divindades. “Nesse sentido, aqui presenciamos a resistência através do sincretismo. Ou seja, os orixás, elementos da natureza, se apresentam em especial por trás dos santos católicos”, destacou Fábio Medeiros.

O Brasil é um estado laico, o que significa que os brasileiros podem escolher a religião que pretendem praticar sem retaliações, perseguições ou preconceito. Para que crenças completamente diferentes convivam em um mesmo país, cidade ou bairro em paz, o melhor caminho é o conhecimento. “Como fé é diferente, mas também busca ideias que todo ser humano busca em especial na construção de vida, que é a felicidade, o bem comum”, finalizou o professor.


Esta notícia foi publicada no site G1 em 15 de Outubro de 2013. Todas as informações nela contidas são de responsabilidade do autor.
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