Disciplina - Ensino Religioso

Ensino Religioso

02/12/2013

Após 20 anos, fitas do Senhor do Bonfim voltam a ser feitas na Bahia

Por: Ana Carolina Araújo

Pouca gente, incluindo turistas e baianos, sabe que a tradicional fita do Senhor do Bonfim não é produzida no Estado há mais de 20 anos. Nesta semana, o arcebispo primaz do Brasil, Dom Murilo Kriegger, e o secretário de Turismo, Domingos Leonelli, anunciaram a novidade como parte de um programa de turismo religioso para a capital, que incluirá também outras iniciativas. A ideia é ampliar o número de turistas que vêm à Bahia por motivos religiosos.

O mais conhecido souvenir soteropolitano passou a ser produzido por fábricas do interior paulista nos anos 1990 por questões financeiras. Enquanto as fábricas baianas, que confeccionavam o produto em algodão, estavam perto da bancarrota, as confecções de São Paulo clamavam por pedidos. Osnir Moreno Rolim, dono da Fita Têxtil, no município de Sumaré, é atualmente o maior produtor dos mimos no País, com mais de cinco milhões de unidades mês.

A diferença entre este campeão de vendas e o novo produto é a tradição. Sai de cena o poliéster, utilizado para evitar que a fita desfie, e retorna o algodão. “Essa fita acabou com o simbolismo de que o desejo se realiza quando a fita rompe, porque essas são plásticas, e não rompem nunca”, explica a técnica em turismo Rosa Amadeu, que guia visitantes por Salvador há 32 anos.

A Cooperativa de Produtores de Artigos Religiosos e Culturais (Cooparc) ficará responsável por produzir as fitinhas legítimas, que voltarão a ter a medida da imagem do Senhor do Bonfim - dando duas voltas no pulso de um adulto –, além de comercializar imagens e outros objetos sacros. A fábrica e distribuidora ganhará uma sede no bairro da Ribeira, próximo à Igreja do Bonfim, onde funcionará também o Memorial Turístico da Baía de Todos-os-Santos.

“Queremos que as pessoas vejam aquelas riquezas que nós temos, nesse campo religioso e turístico. Além disso, será para muitas pessoas, uma nova possibilidade de emprego, de melhorar a sua própria vida”, destacou o arcebispo. Para que a novidade não se resuma à venda dos nossos produtos, a Setur oferecerá cursos de capacitação para guias turísticos focados especialmente na história religiosa da cidade e de seus símbolos.

Mas nem tudo são flores. Quem vive da venda das fitas se lembra do projeto do então prefeito Antônio Imbassahy (2001), que prometia a volta das fitinhas, mas não deu em nada. Além disso, já se fala sobre a alta no preço das fitas, que passarão a custar R$ 0,30, no lugar dos R$ 0,10 atuais. “Deixaram de fazer aqui porque não estava dando dinheiro. Agora querem voltar com isso e quem fica ameaçado somos nós. Eu vivo disso e não tenho mais idade para experiência”, reclama o vendedor de souvenires João Márcio Bispo, 44 anos.

Esta notícia foi publicada no site Terra em 30 de Novembro de 2013. Todas as informações nela contidas são de responsabilidade do autor.
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