Disciplina - Ensino Religioso

Ensino Religioso

04/07/2008

Religião, liberdade e tolerância

capa do livro a viagem de théoCristiane Rogerio e Eliza Muto
Religião precisa ser um presente da liberdade: é como pensa a filósofa e escritora Catherine Clément, francesa e autora de A Viagem de Théo (Editora Companhia das Letras), romance sobre as religiões mais praticadas no mundo. Para ela, o importante é poder escolher.
Por que um livro sobre religiões e para crianças?
A ideia era escrever um romance sobre religiões para crianças e adultos, "dos 7 aos 77". Escrever esse tipo de romance somente para adultos seria inútil, já escrevê-lo para as crianças e seus pais, não.
Qual a principal mensagem em seu livro?
Seja tolerante.
Qual a idéia que as crianças têm hoje de Deus e das religiões?
As ideias sobre Deus e as religiões não são as mesmas em todos os lugares e dependem do contexto cultural e social. Na Europa, de uma forma geral, as crianças perguntam sobre Deus por volta dos 5 anos de idade e sobre as religiões quando têm cerca de 10. Na Índia, onde vivi, elas são imediatamente religiosas.
A senhora acredita que o mundo enfrenta hoje uma crise moral?
Após o fim da Guerra Fria, o mapa mundial mudou de repente e ainda está em constante mudança. Não é de causar surpresa que vivemos uma crise moral! Um novo mundo vai existir e ninguém sabe como ele será. Esse é exatamente o típico período em que as pessoas tentam encontrar segurança na vida espiritual.
É importante ter uma religião? Por quê?
Essa deve ser uma escolha pessoal, que não deve ser imposta pelas famílias, estados, vilarejos ou quaisquer poderes coletivos. Quando essa é uma escolha pessoal – e somente nesse caso –, ela pode iluminar sua vida, aparentemente. Mas ela precisa ser um presente de liberdade.
Os pais podem ensinar aos filhos bons valores, sem uma determinada religião? Como?
Sim, é claro. Na França, muitos pais não são crentes e são ótimos pais! Como? Ensinando a seus filhos os valores da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada em 1948, pela Organização das Nações Unidas.
Quais conselhos a senhora daria aos pais que querem incutir a fé em seus filhos?
Não daria nenhum tipo de conselho desse tipo. Essa deve ser uma questão privada. E, se eles querem "incutir" a fé, não terão sucesso. Do meu ponto de vista, a melhor forma é ser suficientemente justo e suficientemente tolerante, para dar um exemplo aos filhos. E deixe as pessoas ser livres, ter o direito de seguir uma crença quando forem adolescentes, outra quando forem adultos – deixe-as ter o direito de mudar.
A senhora é uma pessoa religiosa?
Sim e não. Não acredito em um Deus único. Mas com um pai católico e anarquista e uma mãe judia e ateia, inconscientemente não se pode deixar de pensar um pouco em deuses.
Acessado em 04/07/2008 no síto da Revista Época. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
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