Disciplina - Ensino Religioso

Ensino Religioso

11/07/2008

Por que o símbolo do cristianismo é um peixe?

Luiz Gustavo Borsetti Ballestero
É comum vermos nas igrejas um peixe desenhado na nave – o corredor que vai da porta ao altar – além de pães e uvas. Esses últimos conseguimos entender o que fazem por lá, mas, e o peixe? Seria uma alusão à profissão do primeiro papa antes de se tornar apóstolo e conseqüente pescador de almas? Será que é por isso que comemos peixe na sexta-feira santa?
Há alguns meses eu assistia a uma celebração religiosa. Durante a homilia, o celebrante comentou que o peixe era o símbolo do cristianismo porque as palavras “peixe” e “Jesus” eram as mesmas no idioma grego. Que coisa impressionante o atentado à cultura religiosa que presenciei naquele domingo. E, por incrível que pareça, todos saíram da celebração elogiando a sabedoria do pároco. Todos – menos eu.
Vamos às devidas explicações. O peixe se tornou um símbolo da fé cristã nos primórdios dessa prática, onde os fiéis eram perseguidos e maltratados. Para se identificar, eles usavam uma frase em grego: Iesus Christus Theou Yicus Soter, que em português significa “Jesus Cristo, de Deus o Filho Salvador”. Se pegarmos as letras em negrito das palavras em grego, veremos que elas formam um acrônimo: ICHTHYUS. Adivinhem o significado dessa palavra... Muito bem, significa peixe.
Pois foi exatamente dessa forma que os primeiros cristãos passaram a se identificar. Ao se encontrarem, um deles desenhava um arco na areia. Se o outro desenhasse outro arco ao contrário, formava-se um peixe e estava reconhecido um irmão na fé. Algo muito parecido com alguns cumprimentos entre os religiosos da atualidade, como “Paz de Deus, irmão”, ou coisa parecida. Com o passar do tempo, a figura do peixe associou-se ao cristianismo.
Apesar de ter dificuldades em aceitar as doutrinas de algumas igrejas, eu acho que o ser humano não pode viver sem acreditar em um Ser superior, desses que merecem caixa alta em qualquer citação. Tenho uma fé inabalável em Deus e rezo pelo menos meia hora todos os dias. Entretanto, acho que Jesus é um cara triste, pois parece que quase tudo o que ensinou se tornou comércio. O Natal e a Páscoa, por exemplo, são épocas de criação de prestações em lojas. O amor ao próximo é, antes de mais nada, uma utopia dos tempos modernos e na Sexta-Feira da Paixão pagamos uma fortuna pelo quilo do bacalhau, que é um... peixe.
Além do conforto espiritual, acredito que a fé pode nos enriquecer culturalmente, pois conta com um vasto material histórico e geográfico. Desta forma, as igrejas poderiam esquecer o tempo em que eram as únicas que detinham a escrita e se tornar difusoras do saber, até mesmo objetivando alicerçar suas teorias em dados científicos. Meu Deus, estou falando difícil. Acho que preciso parar de ler e rezar um pouco mais.
Acessado em 11/07/2008 no sítio do Nota10. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
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