Disciplina - Ensino Religioso

Ensino Religioso

28/07/2008

Budismo japonês em crise

Redação Tudo Bem
Poucas coisas representam tanto a cultura japonesa, na visão dos estrangeiros, do que o budismo e o conceito de zen. No entanto, a religião não participa muito da vida dos japoneses e hoje vive uma profunda crise no país.
Santuários de centenas de anos de tradição encontram dificuldades para encontrar sacerdotes para a próxima geração. É o caso do templo de Zuikoji, localizado no norte do Japão. Zuikoji foi construído há 700 anos. O atual sacerdote-chefe, Ryoko Mori, é o 21º líder do templo, mas não tem certeza se encontrará o 22º. E as dificuldades vistas em Zuikoji estão presentes em diversas outras regiões.
Os japoneses possuem uma atitude flexível com a religião. Se em um momento se despedem do ano velho em templos budistas, poucas horas depois recebem o ano novo em santuários xintoístas. Casamentos são comemorados em rituais xintoístas ou no formato cristão.
Os funerais, no entanto, são quase sempre cerimônias budistas, criando até mesmo algo que ficou conhecido como “budismo de funeral” em referência à lucrativa indústria de cerimônias envolvendo enterros, funerais e memoriais.
Isso também explica, em parte, o que talvez seja o principal motivo para a decadência do budismo: a idéia de que a tradicional religião cuida mais dos rituais dos mortos do que da espiritualidade dos vivos. Fato que está diminuindo a influência do budismo na sociedade japonesa.
“Nas cerimônias islâmicas ou cristãs, são feitos sermões sobre questões espirituais que fazem parte da vida dos fiéis. Porém, hoje em dia pouquíssimos sacerdotes budistas fazem isso no Japão”, disse Mori ao jornal The New York Times.
A falta de sucessores está afetando templos familiares por todo o país. Enquanto a religião perde espaço nas cidades, as regiões rurais estão cada dia menos populosas. Além disso, o recente advento de casas de funeral em moldes mais ocidentais também desafiam o “monopólio” do budismo nesse tipo de cerimônia.
Prevê-se que na próxima geração muitos templos vão ser forçados a fechar as portas por falta de sucessores, levando consigo centenas de anos de história local. De acordo com a Agência de Assuntos Culturais do Japão, havia 86.586 templos budistas em 2000 e 85.994 em 2006.
No templo de Oga, em Akita, a queda na população da cidade pesqueira ameaça o templo local. “Não é um exagero dizer que a população é hoje duas vezes maior do que já esteve e todos os negócios também diminuíram pela metade”, disse Giju Sakamoto, 74 anos, 91º líder do templo budista mais antigo de Akita, que foi fundado no ano 860. “Tendo isso em vista, não basta insistir que somos parte da história da província para sobreviver. É por isso que eu acho que esse templo não tem salvação”, disse Sakamoto.
Acessado em 28/07/2008 no sítio Tudo Bem. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
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